O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira que o crescimento do crédito subsidiado no país, embora presente, não atingiu um patamar que justifique mudanças na política monetária da instituição.
Durante evento organizado pelo Deutsche Bank, em Londres, Campos Neto explicou que, apesar de um aumento recente no volume de crédito com subsídios, isso ainda não é suficiente para alterar a taxa neutra — nível de juros que não desacelera nem acelera a economia. “Aumentou, mas não a ponto de mudar financeiramente para a taxa neutra”, destacou o presidente do Banco Central.
Além do crédito subsidiado, Campos Neto abordou o crescimento dos títulos de dívida privada que se beneficiam de isenções de imposto de renda. Segundo ele, mesmo com um desempenho expressivo, esses instrumentos financeiros não interferem na política monetária. “Esses segmentos não são insensíveis à taxa básica de juros, por isso não alteram nossa estratégia de controle da inflação”, explicou.
O presidente do Banco Central também ressaltou a importância de ações fiscais que possam trazer confiança ao mercado e, consequentemente, reduzir os prêmios de risco nos juros futuros. Campos Neto alertou que a atual desconfiança na sustentabilidade das contas públicas está submetida a taxas de longo prazo. Ele reiterou que medidas claras e robustas de controle fiscal, previstas pelo governo para após as eleições municipais, seriam um “choque positivo” necessário para restaurar a confiança.
“Se as medidas forem vistas de forma positiva, há possibilidade de influenciar as taxas de câmbio e as expectativas de inflação a longo prazo”, comentou. Ele acrescentou ainda que qualquer impacto fiscal deve ser avaliado com cautela, reforçando que as decisões de política monetária não sofrerão alterações mecânicas apenas com base nessas medidas.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou recentemente que o governo anunciou iniciativas para controle de despesas obrigatórias após as eleições municipais, estabelecendo um compromisso com a disciplina fiscal em meio às questões econômicas.
Campos Neto finalizou suas declarações destacando a complexidade do cenário inflacionário no Brasil, classificando os dados recentes como “mistos”. Ele defendeu que é preciso tempo e análise criteriosa por parte dos formuladores de política para entender o comportamento dos preços e tomar decisões que beneficiem a economia brasileira.
Com essas afirmações, Campos Neto reforça a posição do Banco Central de que, apesar dos desafios fiscais e do aumento de instrumentos financeiros subsidiados, a política monetária continuará orientada pela estabilidade econômica e pelo controle da inflação.
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