Os preços do petróleo registraram alta significativa nesta segunda-feira (18), após a interrupção da produção no maior campo petrolífero da Europa Ocidental, Johan Sverdrup, localizado na Noruega. Somado a isso, a escalada das tensões entre Rússia e Ucrânia contribuiu para impulsionar o mercado.
Os contratos futuros do petróleo Brent subiram US$ 2,06, ou 2,9%, chegando a US$ 73,10 por barril às 13h24 EST (18h24 GMT). Já os contratos futuros do West Texas Intermediate (WTI) aumentaram US$ 1,97, ou 2,9%, alcançando US$ 68,99 por barril.
A Equinor, operadora do campo Johan Sverdrup, anunciou a paralisação das operações devido a uma queda de energia em terra. Um porta-voz da empresa afirmou que esforços para retomar a produção já estão em andamento, mas não forneceu um prazo exato para o retorno à normalidade. A interrupção levantou preocupações sobre o impacto no fornecimento de petróleo bruto do Mar do Norte, que serve de referência para os contratos do Brent.
Giovanni Staunovo, analista do UBS, explicou que a paralisação indica um possível aperto no mercado regional, impulsionando os preços. “O fornecimento do Mar do Norte tem um papel crucial no mercado físico de petróleo, e qualquer interrupção gera efeitos imediatos nos contratos futuros”, afirmou.
Além das questões técnicas, o mercado também reagiu à intensificação da guerra entre Rússia e Ucrânia. No último fim de semana, o governo dos Estados Unidos, liderado pelo presidente Joe Biden, autorizou o uso de armas de fabricação americana em ataques ucranianos a alvos dentro do território russo. A decisão, inédita desde o início do conflito, foi vista como uma escalada significativa.
O Kremlin respondeu afirmando que a medida representa um ato imprudente, alertando para o risco de um confronto direto com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Analistas acreditam que o aumento das tensões pode afetar as exportações de petróleo russo e gerar novos aumentos nos preços globais.
Embora o fornecimento de petróleo russo permaneça estável por enquanto, analistas, como Saul Kavonic, da MST Marquee, alertam que ataques a infraestrutura energética na região podem desencadear novos aumentos nos preços. “A escalada do conflito cria incertezas significativas para o mercado, especialmente se instalações petrolíferas forem alvo”, comentou Kavonic.
No domingo, a Rússia realizou o maior ataque aéreo na Ucrânia dos últimos três meses, causando danos substanciais ao sistema elétrico do país. Esses eventos adicionaram volatilidade a um mercado já pressionado por questões de oferta e demanda.
Na semana passada, tanto o Brent quanto o WTI caíram mais de 3%, refletindo dados desanimadores sobre as operações das refinarias chinesas e previsões da Agência Internacional de Energia (AIE). A AIE projetou um excedente global de oferta de petróleo de 1 milhão de barris por dia em 2025, mesmo com os cortes de produção da OPEP+.
Bob Yawger, diretor de futuros de energia da Mizuho, destacou que o mercado pode enfrentar mudanças técnicas, como uma possível transição do spread de backwardation para contango nos contratos futuros do WTI. Essa mudança implica que contratos posteriores seriam negociados com um prêmio em relação aos contratos mais próximos, sinalizando um possível aumento na oferta.
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