Os preços do petróleo retomaram uma trajetória de alta nas negociações de quarta-feira, após uma queda significativa na terça, quando as atenções dos investidores se voltaram novamente para as tensões no Oriente Médio. A volatilidade segue marcando o mercado, influenciada por incertezas geopolíticas e pelas expectativas sobre os estímulos econômicos da China.
Na terça-feira, os preços haviam recuado após dados revelarem um aumento menor que o esperado no índice de preços ao consumidor na China, sugerindo fraqueza na demanda. Esse fator, somado à revisão negativa da Agência Internacional de Energia (AIE) sobre a demanda global de petróleo em 2024, contribuiu para o pessimismo. Esta foi a terceira revisão consecutiva feita pela AIE, reforçando a incerteza sobre o consumo de petróleo no próximo ano.
Um outro elemento que pesou sobre o mercado foi o relato do Washington Post de que Israel havia assegurado aos Estados Unidos que não atacaria a infraestrutura petrolífera iraniana em suas operações retaliatórias. Essa informação imediatamente retirou o “prêmio de guerra” que estava inflacionando os preços do petróleo. No entanto, a posição de Israel permanece ambígua, já que o país afirmou posteriormente que tomaria suas próprias decisões a respeito dos alvos, deixando aberta a possibilidade de mudanças no foco dos ataques.
Segundo Yeap Jun Rong, analista da IG, “os preços ainda carecem de um catalisador de alta no momento, pois o mercado está minimizando os riscos de interrupção no fornecimento de energia no Oriente Médio, enquanto os estímulos econômicos da China ainda não trazem clareza”.
Na semana passada, Warren Patterson, estrategista do ING, havia destacado que o impacto de um eventual ataque de Israel à infraestrutura petrolífera iraniana dependeria dos alvos escolhidos. Se os ataques fossem direcionados a instalações upstream (produção de petróleo bruto), o mercado poderia reagir com um aumento imediato nos preços. Já em caso de danos às refinarias (downstream), o efeito poderia ser contrário, pois mais petróleo bruto estaria disponível para exportação.
Além disso, os traders continuam atentos às promessas de estímulo econômico da China. No último domingo, uma atualização do governo chinês sobre pacotes de estímulos decepcionou o mercado por não especificar o valor desses investimentos, levando a um aumento nas vendas de petróleo e pressionando os preços desde o início da semana.
Esse cenário reflete a constante volatilidade nos mercados de energia, que permanece suscetível tanto a fatores geopolíticos quanto econômicos globais.
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