Os preços do petróleo mantiveram-se próximos das mínimas de duas semanas nesta quarta-feira, após uma queda de aproximadamente 7% nos três dias anteriores. A retração nos preços reflete as projeções de uma menor demanda global por petróleo e a diminuição dos temores de que os conflitos no Oriente Médio possam interromper significativamente o fornecimento da commodity.
De acordo com as previsões divulgadas pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e pela Agência Internacional de Energia (AIE), a demanda por petróleo em 2024 será inferior ao que se previa inicialmente. Isso se soma a uma série de fatores que têm impactado os preços, incluindo a fraca recuperação econômica da China, que é um dos maiores consumidores globais de energia. Segundo a AIE, o consumo de petróleo deve atingir seu pico antes de 2030, com menos de 102 milhões de barris por dia (bpd), e cair para 99 milhões de bpd até 2035.
Os futuros do Brent caíram 0,2%, sendo negociados a US$ 74,12 por barril, enquanto o petróleo West Texas Intermediate (WTI) dos EUA recuou 0,3%, cotado a US$ 70,34. Analistas, como Tamas Varga da corretora PVM, atribuíram o enfraquecimento dos preços à combinação de uma economia chinesa em desaceleração e uma relativa calma no Oriente Médio, diminuindo as preocupações de interrupções no fornecimento.
Outro fator que pressionou os preços foi a perspectiva de aumento nos estoques de petróleo bruto nos Estados Unidos. Relatórios a serem divulgados pelo American Petroleum Institute (API) e pela Administração de Informação de Energia (EIA) preveem um acréscimo de 1,8 milhão de barris na última semana, a primeira vez que os estoques aumentam por três semanas consecutivas desde abril.
Essa elevação contrasta com a retirada de 4,5 milhões de barris no mesmo período do ano passado e com a média de aumento de 1,1 milhão de barris registrada nos últimos cinco anos. Caso a previsão se confirme, os dados reforçarão as expectativas de um mercado global de petróleo mais bem abastecido, contribuindo para a manutenção dos preços baixos.
Apesar das tensões contínuas entre Israel e grupos apoiados pelo Irã, como o Hezbollah, os mercados têm mostrado resiliência. Analistas consideram que, embora o Irã seja um importante produtor de petróleo e mantenha relações próximas com grupos envolvidos no conflito, as operações petrolíferas da região ainda não sofreram grandes impactos. O Irã, que produziu cerca de 4 milhões de bpd em 2023, exportou aproximadamente 1,5 milhão de bpd este ano, um aumento em relação a 2023.
Esses fatores combinados – a menor demanda prevista e a relativa estabilidade no fornecimento global – reforçam a tendência de queda nos preços do petróleo, pelo menos no curto prazo.
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