Após sucessivos atrasos e revisões de exigências por parte do Ibama, a Petrobras mantém expectativas para obter a licença ambiental que permita iniciar suas atividades exploratórias na Foz do Amazonas, uma das áreas mais promissoras do Mar Equatorial brasileiro. Em visita à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) nesta quinta-feira, a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Silvia dos Anjos, apontou que, apesar de uma possível liberação da licença até o fim de 2024, as atividades de perfuração na região só deverão começar em 2025.
Segundo Silvia dos Anjos, a estatal está pronta para cumprir todos os requisitos estabelecidos pelo Ibama, destacando que a Petrobras já investiu centenas de milhões de dólares na adequação de suas operações para atender às exigências ambientais. Desde 2023, a empresa aguarda o aval do órgão regulador, que, até o momento, apenas apresentou um conjunto de demandas adicionais após uma resposta inicial negativa.
No entanto, a questão não se resume apenas ao cumprimento de exigências ambientais. Fontes afirmam que uma eventual autorização para a Petrobras não deve ocorrer antes do fim da cúpula do G20, que será sediada no Rio de Janeiro no próximo mês, para evitar que o tema ambiental afete as discussões globais da conferência. A diretora ressaltou a frustração pelo atraso e lembrou que, mesmo com a licença em mãos, o processo para mobilizar uma sonda de perfuração – atualmente na Bacia de Campos – é complexo. A preparação da sonda e o deslocamento até a costa do estado do Amapá exigem cerca de três meses, inviabilizando uma operação ainda em 2024.
Além das repercussões para a Petrobras, Silvia dos Anjos destacou o impacto da espera prolongada no interesse de empresas internacionais, como a francesa Total, que tinham parcerias com a estatal brasileira na região. A incerteza sobre o licenciamento fez com que muitas delas redirecionassem investimentos para outros locais. No entanto, a executiva acredita que uma eventual liberação do Ibama poderia reaquecer o interesse de grandes players internacionais no setor de petróleo brasileiro.
A exploração na Foz do Amazonas e a estratégia de expansão das atividades offshore devem ser centrais no próximo plano estratégico da Petrobras, previsto para ser anunciado entre novembro e dezembro deste ano. A estatal planeja direcionar cerca de US$ 103 bilhões em investimentos até 2029, reafirmando a importância de fortalecer sua presença em áreas de alto potencial, como o Mar Equatorial, para impulsionar o crescimento no mercado energético global.
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