Um novo relatório revela que portos em países em desenvolvimento precisam de até US$ 83 bilhões em investimentos para garantir uma transição energética justa e sustentável. O estudo, encomendado pela Associação Internacional de Portos e Marinas (IAPH) à consultoria Maritime & Transport Business Solutions (MTBS), foi apresentado à Organização Marítima Internacional (OMI) e expõe a necessidade de investimentos urgentes para a adaptação climática e descarbonização nesses portos.
A pesquisa analisou a situação de países como Brasil, Índia, Indonésia, Quênia e Ilhas Salomão, destacando os desafios enfrentados por essas nações. Os portos de pequeno e médio porte, especialmente em ilhas e regiões mais vulneráveis, tendem a priorizar a adaptação climática, como a construção de barreiras contra tempestades, em detrimento da mitigação de emissões de gases de efeito estufa (GEE). Isso porque medidas de adaptação, embora essenciais para proteger a infraestrutura portuária de desastres naturais, não geram retornos econômicos imediatos.
No entanto, o relatório também aponta que esses países têm a oportunidade de aproveitar fontes de energia renovável, como solar e eólica, para produzir e até exportar hidrogênio verde, uma alternativa promissora aos combustíveis fósseis. A adoção dessas tecnologias depende de investimentos robustos e de um arcabouço regulatório claro, o que ainda gera hesitação entre investidores devido às incertezas sobre quais soluções serão exclusivamente impostas no futuro.
A estimativa de investimento precisa variar entre US$ 55 bilhões e US$ 83 bilhões, dependendo da porta e da localização dos portos. As pequenas nações insulares, como as Ilhas Salomão, enfrentam desafios ainda maiores devido à sua vulnerabilidade e às limitações de recursos, tornando a resiliência climática uma prioridade absoluta.
Patrick Verhoeven, Diretor Executivo da IAPH, destacou que enfrentar as mudanças climáticas nos portos requer uma combinação de adaptação e mitigação. “Somente por meio dessa abordagem dupla é que os portos poderão garantir sua resiliência e continuar operando em meio às crescentes ameaças climáticas”, afirmou.
O estudo reforça a necessidade de ações rápidas e coordenadas, tanto no âmbito regulatório quanto no investimento em infraestrutura, para que os portos em países em desenvolvimento possam se adaptar às mudanças climáticas e contribuir para a descarbonização global.
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