Um tribunal brasileiro aprovou uma investigação sobre a forma como o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, lidou com a crise da Covid-19, depois que a falta de oxigênio colapsou o sistema de saúde de Manaus, capital do estado do Amazonas, na semana passada.
O juiz do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski deu luz verde à investigação na segunda-feira. Pazuello agora tem cinco dias para prestar depoimento à Polícia Federal.
Alega-se que o Ministério da Saúde foi alertado sobre a iminente escassez de oxigênio na cidade – muitas vezes crítica para o tratamento de casos graves de Covid-19 – em 8 de janeiro, mas só tomou medidas em 12 de janeiro, de acordo com um pedido de investigação encaminhada à Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo partido político Cidadania.
O próprio Pazuello visitou Manaus em 11 de janeiro, e o governo federal posteriormente enviou oxigênio suplementar para a cidade, mas nenhum dos dois foi suficiente para evitar uma crise. Os hospitais do Amazonas logo ficaram sem oxigênio e, em 14 e 15 de janeiro, pelo menos 29 pacientes morreram devido à escassez, de acordo com uma investigação em andamento .
“A realidade é que há menor oferta de oxigênio”, reconheceu Pazuello posteriormente. “Não é uma interrupção, mas um menor suprimento de oxigênio.”
Pazuello e outros altos funcionários federais defenderam a reação do governo aos alertas de uma crise em Manaus, argumentando que ninguém poderia ter previsto o rápido aumento nos casos de Covid-19 que sobrecarregaram os hospitais.
“Era uma situação completamente desconhecida de todos. Foi muito rápido”, disse Pazuello em entrevista coletiva na terça-feira.
Ele acrescentou que a crise de saúde da cidade foi agravada por uma série de questões, incluindo “problemas de oxigênio, falta de profissionais, baixo número de leitos”.
Um relatório separado do procurador-geral do Brasil também alegou que, durante a viagem de Pazuello a Manaus, ele incentivou os profissionais médicos a adotarem um kit de “tratamento precoce” contra a Covid-19, que inclui medicamentos não comprovados, incluindo hidroxicloroquina e ivermectina. O ministro da saúde desde então negou fazer isso.
O presidente da Câmara dos Representantes, Rodrigo Maia, disse em uma entrevista coletiva na segunda-feira que acreditava que Pazuello havia “cometido um crime” não apenas ao deixar o sistema de saúde do estado entrar em colapso, mas ao promover tratamentos ineficazes para os casos de Covid-19 em alta na cidade e ao não obter vacinas para o país antes.
Críticas crescentes
