O porto de Marselha-Fos iniciou uma consulta pública sobre o projeto Deos, que propõe a construção de uma plataforma para a fabricação de turbinas eólicas flutuantes no Mediterrâneo. O objetivo é ouvir a opinião da comunidade local e das partes interessadas sobre os possíveis impactos da iniciativa, que visa integrar uma nova infraestrutura industrial à zona portuária de Fos-sur-Mer. A consulta, que ocorrerá entre 14 de outubro e 23 de dezembro de 2024, é uma etapa importante para viabilizar a criação de até 25 turbinas eólicas por ano a partir de 2028.
A proposta de construção de flutuadores de concreto e aço, bem como a montagem de turbinas e sistemas de ancoragem, promete gerar cerca de 2.000 empregos durante sua fase de operação. O projeto também se alinha com a estratégia francesa de expandir a capacidade de energia eólica offshore para 18 gigawatts (GW) até 2035, contribuindo para a transição energética do país. Contudo, o impacto ambiental gerado por essa nova infraestrutura é motivo de preocupação entre as autoridades locais.
O prefeito de Fos-sur-Mer, René Raimondi, expressou suas inquietações, ressaltando que a região já sofre com os efeitos de grandes atividades industriais e logísticas, sendo a segunda maior emissora de gases de efeito estufa na França. A instalação da nova plataforma pode agravar os desafios ecológicos locais, aumentando a poluição atmosférica, os níveis de ruído e vibração, além de afetar a fauna marinha. O sucesso do projeto dependerá da capacidade dos desenvolvedores em mitigar esses impactos e atender às normas ambientais vigentes.
Além de Fos-sur-Mer, outro parque eólico flutuante está previsto para ser instalado em Port-la-Nouvelle, na região de Aude. Juntos, esses parques devem produzir 500 megawatts (MW) anuais, reforçando a meta francesa de descarbonizar sua matriz energética. O Mediterrâneo foi escolhido como local estratégico devido às suas condições favoráveis de vento e profundidade, apesar da oposição de comunidades locais que temem mudanças na paisagem e impactos em atividades tradicionais, como a pesca.
O porto de Marselha-Fos vê o projeto Deos como uma oportunidade para se consolidar como um centro industrial de energias renováveis, diversificando suas operações além da logística tradicional. A viabilidade do projeto, no entanto, dependerá do equilíbrio entre a expansão econômica e a proteção ambiental.
O crescimento da energia eólica é fundamental para a transição energética do país, que pretende alcançar 40% de participação de energias renováveis na matriz elétrica até 2030. Entretanto, além das questões ambientais, a indústria eólica francesa enfrenta forte concorrência internacional, especialmente de países do norte da Europa. O sucesso do projeto Deos será medido pela sua capacidade de conciliar competitividade industrial com sustentabilidade e aceitação social.
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