Potenciais investidores do segmento de energia eólica offshore aguardam as definições regulatórias do governo federal para iniciar a corrida por novos projetos nas águas brasileiras com a habitual segurança jurídica do setor elétrico.
A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) diz estar ansiosa para ver as diretrizes regulatórias para contratação de energia eólica offshore, já que investidores do mercado internacional estão interessados no Brasil. A entidade auxilia na estruturação econômica e regulatória para receber os investimentos e acredita que em 2023 será possível viabilizar a primeira competição.
“O que fizemos em 2021 e continuaremos a fazer em 2022 é organizar a estrutura econômica e regulatória para receber os investimentos offshore. Já temos empresas no Brasil e 46 GW de projetos em análise pelo Ibama. Vamos estruturar para realizar leilões em um futuro próximo, que imagino que seja em 2023”, disse Elbia Gannoum, diretora da Abeeólica.
O Ministério de Minas e Energia (MME) está trabalhando com a Casa Civil para consolidar as contribuições para o estabelecimento da primeira regulamentação de energia eólica offshore no Brasil. “A obra deve estar concluída até o final deste mês”, informou o ministério.
Algumas empresas têm colaborado ativamente nas discussões para a definição da legislação a ser adotada no país, como a Neoenergia, cujo acionista majoritário é a espanhola Iberdrola. Com um marco legal definido, a expectativa é que os projetos avancem.
“Temos três projetos em fase inicial de estudos de licenciamento com possibilidade de atingir uma capacidade de até 9.000 MW”, disse a empresa em nota.
Até as grandes petrolíferas estão olhando para o Brasil. A Shell Energy vem avaliando o potencial eólico offshore do país com seu conhecimento do ambiente marinho e com a implantação dessas usinas fora do Brasil, e também aguarda a regulamentação do setor.
“A Shell espera divulgar em breve o início do licenciamento ambiental de complexos eólicos offshore com o Ibama, área em que a regulamentação já é conhecida pelos empresários”, disse Gabriela Oliveira, gerente de desenvolvimento de projetos de geração de energia renovável da Shell Energy.
O Ibama tem 23 pedidos de licenças ambientais em análise, totalizando mais de 46 GW de potência. No entanto, o instituto confirmou que apenas dois apresentaram Estudos de Impacto Ambiental e Relatórios de Impacto Ambiental (EIA/Rima). A agência solicitou mais informações para os demais.
Ana Karina Souza, sócia de energia do escritório Machado Meyer Advogados, acrescenta que os projetos teriam muitos desafios a serem implementados sem uma intenção mais forte do governo federal de realizar leilões no mercado regulado. Isso dá margem a dúvidas se os projetos seriam viáveis no mercado livre.
“Temos uma tecnologia que não pode ser desenvolvida por causa de um vazio, de uma área cinzenta regulatória”, disse ela.
Outras condições estruturais ainda precisam ser superadas. O Brasil precisa consertar a infraestrutura de portos e transmissão, já que os projetos têm uma escala muito grande, e a recuperação da economia precisa vir com força para que os investimentos acelerem.
