Em agosto de 2024, a multinacional dinamarquesa Vestas anunciou um investimento expressivo de R$ 130 milhões para fortalecer sua produção de turbinas eólicas no Brasil, mais precisamente na cidade de Aquiraz, no estado do Ceará. Este movimento vem em um momento em que o setor eólico enfrenta seu primeiro desafio significativo em anos, marcado por uma desaceleração projetada para 2024.
Embora o setor tenha apresentado crescimento contínuo desde 2009, a abundância de energia no Brasil, impulsionada por uma série de novos projetos de geração renovável e o aumento da geração distribuída, criou um cenário de oferta excedente. Ao mesmo tempo, o consumo de eletricidade cresceu de forma mais moderada, o que resultou em uma demanda menor por novas iniciativas de geração de energia.
Apesar desse cenário de excesso de oferta, a Vestas decidiu investir no Brasil, apostando na manutenção da cadeia produtiva local e na preservação dos 25 mil empregos gerados diretamente e indiretamente por suas operações no país.
O investimento no Ceará está centrado na produção local da turbina V163-4,5 MW, parte da plataforma de 4 MW. Além disso, a empresa firmou um protocolo de intenções com o governo cearense para incentivar o desenvolvimento de novos projetos no estado, demonstrando seu compromisso de longo prazo com o país.
A Vestas também ampliou sua rede de parcerias, anunciando uma colaboração estratégica com o Banco Santander para oferecer condições de crédito mais competitivas aos fornecedores do setor eólico, com foco no desempenho ESG. Além disso, a multinacional fechou uma parceria com o Senai para capacitar novos profissionais para o setor nos próximos anos.
De acordo com Eduardo Ricotta, CEO da Vestas Latam, a aposta da empresa no Brasil vai além do cenário interno. Ele destacou o papel estratégico do país na transição energética global, não só pela abundância de recursos naturais, como os ventos constantes e de alta qualidade, mas também pela posição de liderança que o Brasil pode assumir na exportação de energia verde, como o hidrogênio e seus derivados.
Ricotta reconhece as dificuldades enfrentadas pelo setor, como a ociosidade de fábricas e a hibernação de investimentos devido à volatilidade do mercado. No entanto, ele acredita firmemente no potencial do país para se recuperar e prosperar à medida que o cenário energético global evolui.
Nos últimos anos, a Vestas consolidou sua presença no Brasil, com destaque para os contratos assinados com grandes empresas do setor, como a Casa dos Ventos. Em 2023, a empresa anunciou um contrato de 1,3 GW para os parques eólicos Serra do Tigre e Babilônia Centro, localizados no Rio Grande do Norte e na Bahia, respectivamente. Esse projeto, que envolve a fabricação e instalação de 291 turbinas, além da manutenção dos parques por 25 anos, representa um investimento total de aproximadamente R$ 9 bilhões.
Outros projetos recentes da Vestas incluem a conclusão da construção de sete parques eólicos no Nordeste do Brasil, que juntos somam 1,5 GW de capacidade instalada.
Mesmo com os desafios atuais, a Vestas continua firme em seu compromisso de apoiar o Brasil em sua transição para uma matriz energética mais limpa e sustentável. A empresa está determinada a trabalhar em conjunto com o governo e seus parceiros para garantir que novos projetos avancem, acreditando que o setor eólico desempenhará um papel crucial na descarbonização do país e no cenário energético global.
Com iniciativas ousadas, como o investimento de R$ 130 milhões e as parcerias estratégicas, a Vestas reafirma seu papel como protagonista no setor eólico brasileiro, ajudando a construir um futuro mais sustentável e próspero.
O investimento da Vestas no Brasil é uma resposta não apenas aos desafios imediatos, mas também à visão de longo prazo da empresa, que vê o país como peça-chave na transição energética global. Com um forte compromisso com a cadeia produtiva local e uma estratégia bem definida, a Vestas está preparada para continuar liderando o setor eólico, mesmo em tempos de incerteza.
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