O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (28) os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que funciona como uma prévia da inflação oficial do país. O índice registrou desaceleração em dezembro, com alta de 0,34% em comparação aos 0,62% de novembro. No entanto, o acumulado de 2024 fechou em 4,71%, ultrapassando o teto da meta de inflação definida pelo Banco Central, que era de 4,5%.
Destaques por Grupos
A maior pressão veio do grupo de Alimentação e Bebidas, que subiu 1,47% em dezembro, ante 1,34% no mês anterior. Os gêneros alimentícios, que pesam significativamente no orçamento das famílias mais pobres, acumularam alta de 8,75% no ano. Alguns itens se destacaram, como hortaliças e frutas (+3%), carnes (+8,8% no mês e +20% no ano), e óleo de soja (+9,9% no mês e +31% no ano).
Por outro lado, houve quedas importantes em itens como energia elétrica (-6%) e tubérculos, raízes e legumes, como batatas (-6%), que ajudaram a conter um avanço ainda maior do índice.
Impacto do Câmbio e Projeções para 2025
O cenário macroeconômico aponta que a alta do dólar, que fechou o ano acima de R$ 6, deve continuar pressionando os preços, especialmente em produtos transacionados internacionalmente, como trigo, soja e milho. Esses insumos impactam tanto alimentos básicos como derivados e proteínas animais, elevando os custos para os consumidores.
Analistas econômicos, como Bruno Piacentini, sócio da startup “Eu Me Banco,” destacam que o aumento do câmbio reflete diretamente na inflação, com impactos mais visíveis já no primeiro trimestre de 2025. Segundo Piacentini, “o Banco Central enfrenta desafios complexos, já que o controle do câmbio não deve ser suficiente para reverter as pressões inflacionárias enquanto a economia permanece aquecida.”
IPCA-15 e o Contexto Político
Além dos efeitos econômicos, a inflação elevada gera impactos políticos significativos, especialmente em alimentos. Conforme destacou o analista político Vinícius Torres Freire, “quando a inflação alimentar ultrapassa os 10%, há reflexos diretos na popularidade do governo, uma dinâmica histórica no regime de metas de inflação brasileiro.”
Expectativas e Alívios Potenciais
Embora as projeções sejam desafiadoras, há sinais positivos. A previsão de safras agrícolas regulares para 2025, sem influência de fenômenos climáticos extremos, como El Niño ou La Niña, pode ajudar a conter a alta nos preços de alimentos. Além disso, a recente desaceleração no índice de inflação de serviços, mesmo que acima do IPCA cheio, oferece alguma esperança.
No entanto, economistas alertam para o risco de um cenário inflacionário prolongado caso as condições de câmbio e a economia aquecida persistam sem ajustes fiscais estruturais.
O IPCA-15 de dezembro reflete os desafios inflacionários que marcaram 2024. Com a economia em aquecimento e o dólar elevado, o Banco Central enfrentará dificuldades em cumprir a meta de inflação de 3% para 2025. O alívio pode vir da normalização climática e de safras agrícolas positivas, mas a pressão sobre alimentos e serviços continua sendo uma preocupação central.
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