segunda-feira, 17 fevereiro / 2025

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (28) os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que funciona como uma prévia da inflação oficial do país. O índice registrou desaceleração em dezembro, com alta de 0,34% em comparação aos 0,62% de novembro. No entanto, o acumulado de 2024 fechou em 4,71%, ultrapassando o teto da meta de inflação definida pelo Banco Central, que era de 4,5%.

Destaques por Grupos

A maior pressão veio do grupo de Alimentação e Bebidas, que subiu 1,47% em dezembro, ante 1,34% no mês anterior. Os gêneros alimentícios, que pesam significativamente no orçamento das famílias mais pobres, acumularam alta de 8,75% no ano. Alguns itens se destacaram, como hortaliças e frutas (+3%), carnes (+8,8% no mês e +20% no ano), e óleo de soja (+9,9% no mês e +31% no ano).

Por outro lado, houve quedas importantes em itens como energia elétrica (-6%) e tubérculos, raízes e legumes, como batatas (-6%), que ajudaram a conter um avanço ainda maior do índice.

Impacto do Câmbio e Projeções para 2025

O cenário macroeconômico aponta que a alta do dólar, que fechou o ano acima de R$ 6, deve continuar pressionando os preços, especialmente em produtos transacionados internacionalmente, como trigo, soja e milho. Esses insumos impactam tanto alimentos básicos como derivados e proteínas animais, elevando os custos para os consumidores.

Analistas econômicos, como Bruno Piacentini, sócio da startup “Eu Me Banco,” destacam que o aumento do câmbio reflete diretamente na inflação, com impactos mais visíveis já no primeiro trimestre de 2025. Segundo Piacentini, “o Banco Central enfrenta desafios complexos, já que o controle do câmbio não deve ser suficiente para reverter as pressões inflacionárias enquanto a economia permanece aquecida.”

IPCA-15 e o Contexto Político

Além dos efeitos econômicos, a inflação elevada gera impactos políticos significativos, especialmente em alimentos. Conforme destacou o analista político Vinícius Torres Freire, “quando a inflação alimentar ultrapassa os 10%, há reflexos diretos na popularidade do governo, uma dinâmica histórica no regime de metas de inflação brasileiro.”

Expectativas e Alívios Potenciais

Embora as projeções sejam desafiadoras, há sinais positivos. A previsão de safras agrícolas regulares para 2025, sem influência de fenômenos climáticos extremos, como El Niño ou La Niña, pode ajudar a conter a alta nos preços de alimentos. Além disso, a recente desaceleração no índice de inflação de serviços, mesmo que acima do IPCA cheio, oferece alguma esperança.

No entanto, economistas alertam para o risco de um cenário inflacionário prolongado caso as condições de câmbio e a economia aquecida persistam sem ajustes fiscais estruturais.

O IPCA-15 de dezembro reflete os desafios inflacionários que marcaram 2024. Com a economia em aquecimento e o dólar elevado, o Banco Central enfrentará dificuldades em cumprir a meta de inflação de 3% para 2025. O alívio pode vir da normalização climática e de safras agrícolas positivas, mas a pressão sobre alimentos e serviços continua sendo uma preocupação central.

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Fabiola Cunha é especialista em finanças e investimentos, com certificações pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) e MBA em Gestão de Investimentos pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Com uma carreira de mais de 12 anos no mercado financeiro, ela se destaca por sua habilidade em planejar estratégias de investimentos pessoais e empresariais. No O Petróleo, Fabiola escreve sobre oportunidades de investimento, dicas de finanças pessoais e tendências do mercado de capitais.

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