A indústria eólica offshore enfrenta desafios crescentes, com custos elevados, atrasos em projetos e investimentos limitados ameaçando as metas ambiciosas estabelecidas por governos em todo o mundo. Esses problemas, que comprometem uma das principais estratégias para descarbonizar o setor energético global, podem prejudicar significativamente os esforços para conter as mudanças climáticas.
Governos dos EUA, Europa e Ásia consideram a energia eólica offshore uma peça-chave na transição energética, pois ela oferece capacidade significativa de geração elétrica em áreas próximas a regiões urbanas densamente povoadas. No entanto, segundo especialistas, o setor está longe de cumprir as metas estipuladas.
Dados da empresa de pesquisa energética Wood Mackenzie indicam que o custo médio global de produção de energia eólica offshore subiu para US$ 230 por megawatt-hora (MWh), um aumento de até 40% em dois anos. Em comparação, projetos eólicos onshore têm custos significativamente menores, em torno de US$ 75/MWh. Esse aumento tem levado grandes empresas, como BP e Equinor, a reconsiderarem seus investimentos no setor.
Além disso, fornecedores importantes, como a GE Vernova, estão enfrentando dificuldades para aceitar novos pedidos devido à falta de condições econômicas favoráveis. “Não vemos uma economia sustentável com os custos atuais”, afirmou Scott Strazik, CEO da empresa.
A Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) destacou que, para cumprir a meta global de triplicar a capacidade de energia renovável até 2030, a energia eólica offshore deveria atingir 494 gigawatts (GW). Atualmente, esse número é de apenas 73 GW, e as projeções indicam que a capacidade não chegará a 500 GW antes de 2035.
Na Europa, países como Reino Unido, Alemanha e Holanda devem alcançar apenas 60% a 70% de suas metas para 2030, segundo análises da Rystad Energy. A situação não é diferente nos Estados Unidos, onde a meta de 30 GW estabelecida pelo governo enfrenta sérios entraves, com apenas 200 MW operacionais até maio deste ano.
A China, em contraste, lidera o setor global de energia eólica offshore, beneficiando-se de subsídios estatais e baixos custos de produção. O país foi responsável por mais da metade das instalações globais em 2023 e planeja adicionar entre 11 e 16 GW anualmente nos próximos anos. No entanto, enquanto os equipamentos chineses poderiam reduzir custos globais, políticas protecionistas em regiões como Europa e EUA dificultam essa colaboração.
Apesar dos desafios, especialistas afirmam que políticas adequadas e incentivos governamentais podem ajudar a reverter o cenário. Rebecca Williams, vice-CEO do Global Wind Energy Council, comentou durante a COP29 em Baku que as metas são ambiciosas, mas não impossíveis de serem alcançadas. “Com as políticas certas, ainda podemos avançar significativamente no setor,” afirmou.
O setor enfrenta um momento crítico. Enquanto alguns países lutam para superar barreiras econômicas e regulatórias, outros, como a China, mostram que avanços são possíveis com estratégias alinhadas e sustentáveis. O futuro da energia eólica offshore depende de soluções inovadoras e do comprometimento político global para enfrentar os desafios impostos pelo mercado.
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