segunda-feira, 17 fevereiro / 2025

O mercado financeiro brasileiro encerrou o dia com uma leve alta no Ibovespa, que fechou em 119.298 pontos, representando um crescimento de 0,25%. Esse desempenho positivo foi impulsionado por fatores internacionais e domésticos que fortaleceram a confiança dos investidores.

Fatores Internacionais que Influenciaram o Mercado

O principal motor da alta no Ibovespa foi a divulgação do Índice de Preços ao Produtor (PPI) dos Estados Unidos, que apresentou uma inflação menor do que a esperada. Este dado trouxe alívio para os mercados globais, sinalizando uma possível desaceleração na pressão inflacionária nos EUA. Além disso, o governo Trump indicou que as futuras medidas de tarifação sobre produtos importados serão implementadas de forma gradual e equilibrada, o que reduziu a incerteza entre os investidores.

“A redução do PPI e as sinalizações de ajustes nas tarifas proporcionaram um ambiente mais favorável para os mercados, resultando em um dia positivo para a bolsa brasileira,” afirmou Marcelo Bz, estrategista de investimentos da Deio Capital, durante a entrevista na BandNews TV.

Cenário Doméstico e Expectativas Econômicas

No âmbito interno, o Brasil não apresentou novos dados econômicos negativos, o que contribuiu para o otimismo dos investidores. No entanto, a moeda brasileira, o Real, permanece desafiada, sendo cotada em torno de R$6, com projeções de possível apreciação caso haja um compromisso mais firme do governo em relação às políticas fiscais.

Inflação e Taxa de Juros: A inflação brasileira continua acima da meta estabelecida pelo Banco Central, o que levou a instituição a elevar a taxa Selic para 14,25%, com expectativas de novos aumentos ao longo do ano, possivelmente atingindo mais de 15%. Essas medidas visam controlar a inflação, mas também indicam um cenário de desaceleração econômica, com o PIB crescendo aproximadamente 1,5% neste ano.

Dívida Pública: A relação dívida/PIB do Brasil está projetada para alcançar 86% até o final de 2026, um nível preocupante para um país emergente. Marcelo Bz destacou a necessidade de medidas estruturais para estabilizar e reduzir esse índice, evitando uma deterioração ainda maior da confiança dos investidores.

Impacto nos Investidores Estrangeiros

Outro ponto de destaque foi a análise sobre a retirada de investimentos estrangeiros do mercado brasileiro. Com a valorização do dólar e o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, investidores internacionais estão direcionando seus recursos para ativos mais seguros e com melhores retornos, como títulos de renda fixa americanos, que têm apresentado um crescimento significativo nos últimos anos.

“A saída de capital estrangeiro está associada não apenas à insegurança econômica, mas também à falta de segurança jurídica no Brasil. Sem sinais claros de estabilidade fiscal e controle de gastos, é difícil atrair e reter investidores internacionais,” explicou Marcelo Bz.

Perspectivas para o Ano

Apesar da alta no Ibovespa, as perspectivas para o mercado acionário brasileiro permanecem desafiadoras. A dependência de investimentos estrangeiros, combinada com a alta da taxa de juros e a inflação persistente, sugere que a bolsa poderá enfrentar volatilidades e dificuldades para sustentar ganhos significativos.

“Embora o Ibovespa tenha fechado em alta hoje, não vemos gatilhos imediatos que possam impulsionar uma recuperação robusta no curto prazo. A falta de medidas fiscais estruturais e a contínua pressão inflacionária são obstáculos significativos,” concluiu Marcelo Bz.

O fechamento positivo do Ibovespa reflete uma combinação de fatores internacionais favoráveis e a ausência de notícias econômicas negativas no Brasil. No entanto, desafios estruturais como a alta da inflação, o aumento da dívida pública e a saída de investimentos estrangeiros continuam a pesar sobre o mercado financeiro brasileiro. Para sustentar o crescimento e a confiança dos investidores, será essencial que o governo adote medidas fiscais mais rigorosas e promova um ambiente econômico mais estável e previsível.

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Suzana Santos é economista formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e especialista em Finanças e Gestão Pública pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Com mais de 10 anos de experiência em análise de políticas econômicas e benefícios sociais, Suzana se destaca por sua habilidade em traduzir temas complexos em informações acessíveis e úteis para os leitores.No O Petróleo, Suzana contribui com artigos que abordam desde investimentos e planejamento financeiro até programas de benefícios sociais, sempre com foco na educação financeira e na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Sua visão estratégica e compromisso com a excelência informativa fazem dela uma peça essencial na equipe editorial.

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