A exploração de petróleo na Margem Equatorial brasileira, que se estende do Rio Grande do Norte ao Amapá, segue no centro de um acalorado debate nacional. A região, que inclui áreas sensíveis como a Foz do Amazonas, enfrenta rigorosos processos de licenciamento ambiental, enquanto divide opiniões entre especialistas, representantes da indústria petrolífera e ambientalistas.

Exploração e Sensibilidade Ambiental

Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama, defendeu a necessidade de um licenciamento rigoroso, destacando que o Bloco 059, localizado a 175 km da costa na região da Foz do Amazonas, sofre influência direta da maior bacia hidrográfica do mundo. “A água doce e seus sedimentos têm impacto significativo na área. Não dá para dizer que não existe influência do Rio Amazonas”, afirmou.

Por outro lado, representantes da indústria petrolífera, como Dani Lomba, gerente de licenciamento ambiental da Petrobras, argumentam que o desenvolvimento da Margem Equatorial é essencial para a segurança energética do Brasil. “As fontes fósseis coexistirão com renováveis numa economia de baixo carbono. Precisamos conhecer o potencial dessa nova fronteira energética”, reforçou.

Ibama e Petrobras divergem sobre futuro do petróleo na Foz do Amazonas
Ibama e Petrobras divergem sobre futuro do petróleo na Foz do Amazonas

Impacto Econômico e Geração de Empregos

Os defensores da exploração, incluindo parlamentares como Júnior Ferrari (PSD-AP), destacam os impactos econômicos positivos. Segundo Ferrari, a exploração pode criar cerca de 350 mil empregos diretos e indiretos, além de dobrar o Produto Interno Bruto (PIB) do Amapá e aumentar em 30% o do Pará. “Queremos preservar o meio ambiente, mas também precisamos aproveitar as oportunidades que geram riqueza e reduzem a miséria no Brasil”, afirmou.

Críticas de ONGs e Ambientalistas

Organizações não governamentais, como o Observatório Marajó, questionam se o desenvolvimento prometido alcançará a população local. Luiz Barbosa, representante da ONG, critica o discurso de desenvolvimento associado à exploração de petróleo. “Se não gerou riqueza em outras regiões como Macaé (RJ) e Coari (AM), por que seria diferente em áreas remotas como a Foz do Amazonas?”, indagou.

Comparações com Países Vizinhos

Indústrias petrolíferas destacam que países vizinhos, como Guiana e Suriname, já exploram petróleo na mesma região com resultados econômicos significativos. Especialistas ressaltam que o Brasil não pode ficar para trás, especialmente em um contexto global de transição energética, onde o petróleo ainda desempenha papel fundamental.

O Futuro da Margem Equatorial

O debate sobre a exploração da Margem Equatorial evidencia a tensão entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental. Enquanto uns veem na região uma oportunidade estratégica para fortalecer a economia e gerar empregos, outros alertam para os riscos ambientais e o impacto em comunidades locais.

Com discussões em andamento e posicionamentos opostos, a decisão sobre o futuro da Margem Equatorial promete influenciar não apenas o setor de petróleo e gás, mas também as políticas públicas relacionadas ao meio ambiente e à economia no Brasil.

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Thailane Melo é jornalista multimídia com mais de uma década de experiência na cobertura da indústria de petróleo e gás. Como editora do OPetroléo, Thailane aprofunda-se em temas como upstream, offshore, marítimo e naval. Bacharel em Jornalismo pela USP, Thailane possui uma vasta experiência em redação, pesquisa e edição para diversas plataformas.