O governo federal estabeleceu um prazo de três dias para que a distribuidora de energia Enel restabeleça o serviço em mais de 400 mil residências na região metropolitana de São Paulo, afetadas desde sexta-feira por um grande apagão. A determinação foi feita pelo ministro de Energia, Alexandre Silveira, em uma coletiva de imprensa na última segunda-feira (14). A falha no fornecimento de energia foi causada por uma tempestade de alta intensidade, que deixou milhares de domicílios sem luz e gerou uma onda de críticas durante o período eleitoral da cidade.
As acusações se intensificaram com a proximidade das eleições municipais. O candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, e seus aliados responsabilizaram o atual prefeito Ricardo Nunes por não adotar medidas preventivas. Já Nunes e outros defensores cobram sanções mais rigorosas à Enel por parte da agência reguladora de energia do país.
A Enel assumiu a concessão de distribuição de energia do estado de São Paulo em 2018, e a renovação de seu contrato está prevista para 2028. O ministro Silveira afirmou que, se a empresa continuar negligente, o governo pode considerar a rescisão do contrato, desde que respeitado o devido processo legal. “Independentemente das causas, o que precisamos agora é de uma solução imediata”, declarou Silveira.
A tempestade, que provocou rajadas de vento de até 108 km/h, derrubou linhas de transmissão e causou a queda de árvores, afetando inicialmente 2,1 milhões de domicílios em São Paulo. Ao todo, sete pessoas perderam a vida devido aos estragos. O caos gerado levou manifestantes às ruas, exigindo respostas das autoridades e acusando a concessionária de negligência. Além disso, a interrupção no fornecimento de energia impactou o funcionamento de aeroportos e serviços de água em diversas regiões.
Diante da gravidade da situação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitou uma investigação para apurar se o regulador de energia fiscalizou a Enel de forma adequada. Muitos dos responsáveis pela agência reguladora foram indicados durante o governo de Jair Bolsonaro, antecessor de Lula, o que levantou questionamentos sobre a atuação desses gestores.
Enquanto isso, a Enel informou que está mobilizando trabalhadores adicionais para acelerar os reparos. No entanto, o CEO da empresa, Guilherme Alencastre, não definiu um prazo exato para o retorno total da energia nas residências afetadas.
A queda de energia também acirrou o embate político entre Boulos e Nunes, rivais na disputa pela prefeitura. Enquanto Boulos usa o apagão como munição para atacar a atual gestão, Nunes acusa o adversário de oportunismo eleitoral.
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