Frete marítimo da China ao Brasil dispara e impacta mercado de energia solar

Aumento nos custos de transporte afeta sistemas fotovoltaicos e distribuidoras, enquanto cenário permanece incerto até o final do ano.

O custo do frete marítimo para transportar produtos da China ao Brasil está mais caro, com um aumento previsto de US$ 500 a US$ 600 por semana. Vários fatores estão contribuindo para essa alta, afetando especialmente os componentes de sistemas fotovoltaicos.

Principais Impactos no Setor de Energia Solar

De acordo com fontes ouvidas pelo Solar Channel, o aumento impacta mais os contêineres com módulos fotovoltaicos, que possuem menor valor agregado em comparação aos contêineres com inversores. A mudança de rotas dos navios para atender EUA e Europa, que estão pagando fretes mais altos, está atrasando entregas no Brasil, aumentando o tempo de entrega devido à menor frequência de navios.

Viagens Canceladas e Impactos Econômicos

Além disso, a prática de “viagens em branco”, onde o cancelamento de atracações altera as rotas dos navios, tem contribuído para essa instabilidade. Roberto Caurim, CEO da Bluesun Solar do Brasil, destacou que a queda no valor do Watt-pico dos módulos fotovoltaicos na China tem tornado o transporte proporcionalmente mais caro. Caurim prevê que esse cenário de fretes altos deve se manter até o final do ano.

Análise de Mercado e Perspectivas Futuras

Eduardo Villas Boas, CEO da Solar Sphere, sugere que o mercado de geração distribuída não deve se concentrar apenas no aumento do frete marítimo recente, pois há expectativas de ajuste nas taxas de frete a partir de agosto. Villas Boas acredita que o custo do frete impacta o preço final para o consumidor, mas não a ponto de inviabilizar as vendas dos produtos.

Influência da Taxa de Câmbio

Tanto Caurim quanto Villas Boas apontam a variação cambial como um fator significativo no aumento dos custos. O impacto do dólar tem elevado os preços dos módulos e inversores em aproximadamente 15,4% nos últimos dois meses. A oscilação cambial, mais do que o frete, está afetando diretamente os distribuidores e suas estratégias de estoque e venda.

Desafios da Pré-venda

A alta nos fretes também afeta a pré-venda, pois distribuidoras que vendem produtos sem considerar a oscilação dos custos podem operar com margens negativas. Caurim destaca a importância de evitar pré-vendas prolongadas e recomenda que integradores sejam cautelosos com esses acordos.

CIF e FOB: Diferenças Cruciais

No Brasil, o frete utilizado é o CIF (Custo, Seguro e Frete), onde a empresa fornecedora arca com os custos, e esses custos são incorporados ao preço final do produto. Eudes Silveira, diretor de Comércio Portuário, ressalta que essa estrutura tributária baseada no CIF aumenta ainda mais o impacto do aumento do frete.

O aumento no custo do frete marítimo da China para o Brasil traz desafios significativos para o mercado de energia solar. Distribuidores e consumidores devem estar atentos às oscilações cambiais e às práticas de pré-venda para minimizar impactos financeiros. O cenário atual de altos custos deve persistir até o final do ano, exigindo adaptações estratégicas do setor.


Débora Souza

Débora Souza é jornalista especializada em tecnologia e inovação no setor de energia. No O Petróleo, ela oferece insights profundos e atualizações sobre as últimas tendências tecnológicas e avanços no campo energético.

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