Espírito Santo investe R$ 2,7 bilhões em terminal portuário para competir com Santos

Desde que deixou seu cargo como maquinista na Aracruz Florestal, Etore Selvatici Cavallieri não apenas construiu um conglomerado bem-sucedido como também está à frente de um projeto ambicioso que promete redefinir o cenário logístico do Espírito Santo. O Grupo Imetame, hoje com receitas anuais de R$ 2 bilhões, planeja comissionar um terminal portuário multipropósito em Aracruz até o final de 2025, representando um investimento de R$ 2,7 bilhões.

Este terminal, estrategicamente localizado a 85 km ao norte da capital Vitória e conectado a importantes rodovias e à ferrovia Vitória a Minas, operada pela Vale, é parte de um esforço para desafogar o dominante Porto de Santos. O terminal poderá movimentar uma vasta gama de cargas, incluindo contêineres, carga geral e granéis, tanto sólidos quanto líquidos, como combustíveis e petróleo bruto.

O projeto, que já está 52% concluído em termos de terraplenagem, envolve a construção de um quebra-mar e a dragagem para alcançar um calado de até 23 metros, permitindo a atração de navios de grande porte. Esta iniciativa não só melhora a infraestrutura de acesso ao terminal, mas também complementa operações em outros pontos logísticos da região, como o Portocel e o Estaleiro Jurong.

Além das operações portuárias, o Grupo Imetame também inova com a criação da ZPE Aracruz, a primeira Zona de Processamento de Exportação privada do Brasil, que oferecerá incentivos fiscais substanciais para empresas focadas na exportação. Localizada a apenas 11 km do terminal, esta ZPE promete ser um catalisador para o desenvolvimento econômico local e nacional, especialmente para o escoamento de produtos para mercados internacionais como a China.

Com um olho no futuro, a Imetame Logística já planeja instalações para carregamento de navios elétricos e busca consolidar o terminal como um hub vital para o comércio entre o Brasil e a China, potencializando a região norte do Espírito Santo como um novo epicentro logístico. A iniciativa reflete uma adaptação estratégica após a pandemia, mostrando um aumento substancial no valor do investimento e destacando o potencial para aliviar os atuais gargalos no Porto de Santos.

A perspectiva de ampliação das operações portuárias no país, junto com a expansão da demanda por contêineres, como apontam entidades do setor como Centronave e Cecafé, sinaliza que o novo terminal portuário de Aracruz não apenas competirá com os grandes portos, mas também oferecerá alternativas mais eficientes e estratégicas para o escoamento de cargas no Brasil.