Os preços do petróleo voltaram a cair nesta quinta-feira, com o valor dos futuros do West Texas Intermediate (WTI) próximo de US$ 71,05, impactados pelo fortalecimento do dólar e pelas incertezas pós-eleitorais nos Estados Unidos. A cotação do petróleo, que se encontra em uma zona de retração em torno de US$ 71,63, enfrenta limitações de crescimento, enquanto investidores aguardam sinais do Federal Reserve sobre possíveis ajustes nas taxas de juros.

A 11h26 GMT, o WTI era negociado a US$ 70,91, representando uma queda de US$ 0,78, ou -1,09%, em relação ao dia anterior. A valorização do dólar nos últimos meses, alcançando máximas de quatro meses, torna o petróleo mais caro para compradores internacionais, o que reduz a demanda pelo produto.

Queda nas importações de petróleo da China aumenta preocupações

O mercado também enfrenta a pressão da queda de 9% nas importações chinesas de petróleo em outubro, em comparação ao mesmo período do ano passado. Esse foi o sexto mês consecutivo de queda, refletindo uma demanda mais fraca da China, um dos maiores consumidores globais de petróleo. Esse declínio alimenta ainda mais as preocupações sobre o crescimento da demanda global em um cenário de desaceleração econômica em países importadores-chave.

Impacto das eleições americanas e potenciais sanções ao Irã e Venezuela

A recente eleição presidencial nos Estados Unidos também é vista como um fator de incerteza para o mercado de petróleo. Com a possibilidade de uma retomada de sanções severas ao Irã caso haja uma mudança de governo, analistas indicam que as exportações iranianas poderiam ser reduzidas em até 1 milhão de barris por dia. No caso da Venezuela, as sanções que foram temporariamente aliviadas pelo governo atual podem ser reimpostas, impactando significativamente o fornecimento global de petróleo.

Além disso, o furacão Rafael, que recentemente atingiu o Golfo dos EUA, interrompeu cerca de 17% da produção de petróleo da região, representando uma perda temporária de aproximadamente 304.418 barris diários, conforme informações do Bureau of Safety and Environmental Enforcement.

Estoques americanos em alta e diminuição das exportações

Dados divulgados pela Energy Information Administration (EIA) mostram um aumento de 2,1 milhões de barris nos estoques de petróleo dos EUA, atingindo 427,7 milhões de barris, acima das previsões dos analistas. Essa alta nos estoques é atribuída à redução nas exportações, que caíram 1,4 milhão de barris por dia, e ao aumento de 1,7 milhão de barris por dia nas importações líquidas. Os estoques de gasolina e destilados também aumentaram, embora previsões apontassem para uma possível queda.

Ainda que as exportações de produtos petrolíferos tenham alcançado um recorde de 7,6 milhões de barris por dia, a demanda doméstica enfraquecida nos EUA contribuiu para uma diminuição no consumo implícito de petróleo para 19,7 milhões de barris por dia, uma queda de 1,9 milhão em relação à semana anterior.

Perspectivas para o mercado

A previsão para o mercado de petróleo é de uma tendência de baixa no curto prazo, com a combinação de um dólar forte, demanda chinesa enfraquecida e aumento dos estoques americanos pressionando os preços para o suporte de US$ 69,21. Apesar de as potenciais sanções e interrupções no fornecimento proporcionarem algum suporte aos preços, analistas indicam que, sem um catalisador significativo, os preços devem enfrentar dificuldades para superar a resistência em US$ 71,63.

A próxima ação do Federal Reserve, assim como novos desdobramentos geopolíticos e econômicos, serão determinantes para o rumo dos preços do petróleo nos próximos meses, em um mercado que se mantém atento aos fatores de oferta e demanda globais.

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André Carvalho é o fundador de O Petróleo e um jornalista com mais de 15 anos de experiência em economia e transporte. Formado pela UFRJ, André se destaca por análises profundas e acessíveis sobre o impacto das políticas econômicas e de mobilidade no dia a dia das pessoas.