Com a expansão do BRICS, o bloco que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul está atraindo regimes autoritários da América Latina, que buscam maior protagonismo internacional e alternativas econômicas diante das avaliações ocidentais. Durante a última cúpula, realizada entre 22 e 24 de outubro de 2024, o bloco – que agora inclui também Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos – registrou o interesse formal de Cuba, Venezuela e Nicarágua em se tornarem membros. A colocação de desafios para as democracias internacionais do bloco, como Brasil e Índia, que agora enfrentam um grupo onde as autocracias começam a ter voz mais ativa.
Embora as cúpulas do BRICS surjam recentemente em mudanças imediatas, a nova configuração, chamada BRICS+, reflete uma clara intenção de consolidar uma oposição ao Ocidente, especialmente à ordem econômica centrada no dólar. Enquanto o grupo tenta desafiar instituições como o G7 com a criação de estruturas financeiras alternativas, as ditaduras latino-americanas veem o BRICS+ como uma oportunidade para reduzir a influência dos Estados Unidos e da Europa em suas economias e políticas.
Na América Latina, a crise econômica e o isolamento imposto pelas avaliações internacionais são fatores que impulsionam o interesse pelo bloco. Miguel Díaz-Canel, presidente de Cuba, já solicitou formalmente a entrada como “país parceiro” no BRICS+, movimento que ele descreveu como uma “tábua de salvação econômica” para a economia cubana, cada vez mais debilitada. Nicolás Maduro, da Venezuela, vê no BRICS+ um canal para contornar avaliações e diversificar parceiros comerciais, enquanto Daniel Ortega, da Nicarágua, também utiliza o grupo como uma plataforma para fortalecer laços com a China e a Rússia.
O Brasil, que tem no BRICS uma plataforma de “não alinhamento”, vê sua posição fragilizada com a inclusão de regimes ditatoriais que, segundo analistas, divergem dos valores democráticos elevados pelo país. O aumento das autocracias no grupo desafia a linha diplomática brasileira, especialmente após a inclusão do Irã, adversário histórico do Ocidente e alvo de avaliações severas, que coloca em risco a oposição do bloco perante a comunidade internacional.
A expansão do BRICS evidencia a crescente disputa entre o Ocidente e o Sul Global, e a presença de ditaduras latino-americanas pode alterar o rumo do bloco nos próximos anos, potencializando debates sobre direitos humanos e política internacional que desafiam a unidade dos países membros.
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