quarta-feira, 19 fevereiro / 2025

Rubens Ometto, um dos empresários mais influentes e ricos do Brasil, está enfrentando um dos maiores desafios de sua carreira. Conhecido pela liderança da Cosan, um conglomerado que vai de ferrovias a gás natural e etanol, Ometto se viu em uma disputa estratégica que afetou profundamente suas finanças e as do grupo.

Com uma fortuna proveniente do vasto império da Cosan, que inclui empresas como Raízen (dona da rede de postos Shell) e Compass (de gás natural), Ometto tornou-se uma figura chave no cenário econômico nacional, sendo uma ponte entre o setor privado e o governo brasileiro. Sua relação estreita com políticos e líderes empresariais o coloca como um interlocutor das principais discussões econômicas do país. Porém, a recente aposta na Vale, uma das mineradoras mais valiosas do Brasil, revelou-se um erro estratégico com consequências severas para seu império.

Disputa pela Vale afeta os negócios de Rubens Ometto e o futuro da Cosan
Disputa pela Vale afeta os negócios de Rubens Ometto e o futuro da Cosan

Apostando Alto na Vale

Em um movimento ousado, Ometto investiu mais de R$ 18 bilhões para adquirir cerca de 5% das ações da Vale. Seu objetivo não era controlar a mineradora, mas garantir influência estratégica em uma das maiores mudanças de liderança da companhia. Ao tentar emplacar o CEO Luís Henrique Guimarães, um de seus aliados, ele se viu envolvido em uma batalha de bastidores com o próprio governo federal, que também queria influenciar a nomeação, propondo o ex-ministro Guido Mantega para o cargo. A disputa pela presidência da Vale durou meses, mas o resultado foi uma derrota significativa para Ometto, que viu seu investimento se transformar em uma dívida bilionária.

O Impacto nas Finanças da Cosan

Esse revés teve um impacto imediato no balanço da Cosan, que viu sua dívida líquida aumentar 59% em apenas um ano. A maior parte dessa dívida está nas mãos da Raízen, que enfrentou dificuldades para resolver o passivo financeiro. A situação foi agravada pela alta dos juros e o aumento do CDI, que fez a dívida subir ainda mais.

Com o fracasso na Vale, Ometto se viu forçado a reestruturar o grupo, incluindo mudanças na diretoria da Raízen e a venda de ativos, como usinas de energia e a participação na rede de conveniência OXXO, que vinha gerando prejuízos. Além disso, a Cosan tentou lançar sua subsidiária MOV na Bolsa de Nova York, mas o movimento não teve sucesso, já que o mercado não apresentou interesse nos papéis.

O Futuro de Ometto e Cosan

Embora Ometto tenha perdido essa batalha, o mercado acredita que a venda das ações da Vale pode ser a chave para a recuperação do grupo. O empresário ainda está tentando encontrar uma saída para reverter os danos causados pela aposta frustrada, mas o futuro da Cosan segue incerto. A expectativa é que ele encontre novas maneiras de gerar liquidez e reorganizar suas empresas, especialmente em um cenário econômico desafiador, onde as altas taxas de juros e a pressão fiscal colocam o setor privado em uma posição delicada.

A disputa de Rubens Ometto pela Vale não apenas abalou seu império, mas também expôs as dificuldades enfrentadas por grandes empresários brasileiros quando suas estratégias não saem como esperado. O caso serve como um reflexo das complexas relações entre o governo e as grandes empresas e da vulnerabilidade dos gigantes empresariais diante de decisões políticas e econômicas.

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Suzana Santos é economista formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e especialista em Finanças e Gestão Pública pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Com mais de 10 anos de experiência em análise de políticas econômicas e benefícios sociais, Suzana se destaca por sua habilidade em traduzir temas complexos em informações acessíveis e úteis para os leitores.No O Petróleo, Suzana contribui com artigos que abordam desde investimentos e planejamento financeiro até programas de benefícios sociais, sempre com foco na educação financeira e na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Sua visão estratégica e compromisso com a excelência informativa fazem dela uma peça essencial na equipe editorial.

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