Crise energética no Brasil afeta a indústria e eleva custos

Impactos dos cortes de energia na produtividade e economia das empresas brasileiras.

Uma pesquisa conduzida pelo Instituto de Pesquisas IPRI entrevistou 1.002 executivos de manufatura de diversas empresas brasileiras, revelando dados preocupantes sobre a frequência e o impacto dos cortes de energia na produção industrial.

Entre o final de abril e maio, o IPRI entrevistou executivos de pequenas, médias e grandes empresas por telefone. A pesquisa descobriu que 47% dos entrevistados estavam localizados no Sudeste do Brasil, a região mais rica e populosa do país. Os dados mostraram que:

  • 21% dos entrevistados enfrentaram 11 ou mais cortes de energia nos últimos 12 meses.
  • 34% relataram duas a quatro interrupções.
  • 9% mencionaram ter tido apenas uma interrupção no período.

Impacto na produtividade

A pesquisa destacou que quase metade dos setores entrevistados (46%) classificaram os cortes de energia como tendo um impacto “sério” ou “significativo” na produtividade. Em contraste, 20% dos executivos relataram impacto mínimo ou inexistente. Roberto Wagner Pereira, gerente de energia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), enfatizou que a principal consequência dos cortes de energia para a indústria é a interrupção da produção. Segundo Pereira, isso resulta em perdas significativas de matéria-prima, produtos e horas de trabalho, culminando em elevados custos para as empresas.

Exemplos recentes

No final de 2023, milhões de residentes na cidade de São Paulo enfrentaram dias sem eletricidade após uma forte tempestade. Em resposta, o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ordenou que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) iniciasse processos disciplinares contra a Enel, a multinacional italiana responsável pela distribuição de energia no estado.

Análise e considerações

Os dados fornecem uma visão clara dos desafios enfrentados pelas indústrias brasileiras devido aos cortes de energia. A frequência das interrupções e os impactos reportados sublinham a necessidade urgente de melhorias na infraestrutura de distribuição de energia. Investimentos em tecnologias mais resilientes e em estratégias de mitigação de riscos são essenciais para minimizar as perdas e garantir a continuidade da produção industrial.

Além disso, é crucial que as políticas governamentais sejam direcionadas para responsabilizar as empresas de distribuição de energia, como demonstrado no caso da Enel em São Paulo. A aplicação de sanções pode servir como um incentivo para que essas empresas melhorem seus serviços e evitem futuros prejuízos para a economia.

A pesquisa do IPRI lança luz sobre um problema significativo que afeta a competitividade e a produtividade das indústrias brasileiras. A adoção de medidas proativas e a implementação de soluções robustas são fundamentais para garantir que os cortes de energia não continuem a prejudicar o crescimento econômico do país.


Débora Souza

Débora Souza é jornalista especializada em tecnologia e inovação no setor de energia. No O Petróleo, ela oferece insights profundos e atualizações sobre as últimas tendências tecnológicas e avanços no campo energético.

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