Uma investigação recente da Bloomberg expôs como China e Irã estabeleceram uma sofisticada rede de transferências marítimas para contornar as sanções americanas ao petróleo iraniano. Usando embarcações de bandeira obscura e operando em regiões estratégicas, como o Mar da China Meridional, os dois países desafiam os esforços ocidentais para conter a receita de Teerã.

A rede clandestina no Mar da China Meridional

Segundo o relatório, a principal zona de operação fica próxima à península da Malásia, onde diariamente dezenas de petroleiros realizam transferências de petróleo sancionado. Embarcações antigas, operando sem seguro e sob controle de empresas de fachada, movimentaram cerca de 350 milhões de barris de petróleo nos primeiros nove meses de 2024, segundo estimativas conservadoras. Este comércio ilícito já gerou mais de US$ 20 bilhões apenas este ano.

Desafios para a aplicação de sanções

As sanções americanas, que visam reduzir a receita petrolífera iraniana, enfrentam a complexidade dessa rede clandestina. Pequenas refinarias chinesas se beneficiam do petróleo iraniano com preços reduzidos, enquanto grandes corporações se protegem de sanções secundárias. A investigação também apontou a passividade da Malásia, que, apesar dos apelos dos EUA, não reprimiu essas operações.

Promessas da administração Trump

O presidente eleito Donald Trump declarou que sua nova administração irá intensificar a “pressão máxima” sobre o Irã. Seu conselheiro de segurança nacional, Mike Walz, afirmou que o governo trabalhará para interromper significativamente o fluxo de petróleo iraniano para a China. Essa política pode gerar repercussões globais, especialmente para Pequim, que depende do petróleo iraniano para cerca de 13% de suas importações de suprimento.

Um desafio global

Apesar das sanções, redes clandestinas como a descrita pela Bloomberg mostram como países alvos de restrições encontram maneiras de sobreviver economicamente. Especialistas alertam que a aplicação de sanções pode se tornar ainda mais desafiadora, dada a crescente sofisticação dessas redes e o aumento da cooperação entre países como Irã e China.

A investigação destaca um embate contínuo entre os esforços de controle americano e a resiliência dos países sancionados. Para Teerã, a sobrevivência econômica depende de iniciativas como esta, enquanto para Pequim, o petróleo barato é vital para atender à demanda interna. Essa rede de transporte clandestino simboliza os limites das sanções econômicas em um mundo cada vez mais interconectado e resistente a controles unilaterais.

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Joice Santos é uma correspondente especial do OPetróleo. Ela atualmente mora em São Paulo e escreve sobre os setores de petróleo e gás, Offshore e Mercado. Anteriormente, ela acompanhou de perto o comércio e a indústria internacionais, a política macroeconômica e as relações exteriores. Ex-aluna do Instituto Indiano de Comunicação de Massa, suas passagens anteriores incluem Moneycontrol.