A partir de outubro de 2024, a Bolívia aumentou significativamente a quantidade de gás natural ao Brasil após encerrar suas exportações para a Argentina. O movimento ocorre em resposta à autossuficiência argentina, garantida pela exploração da formação de Vaca Muerta, um dos maiores reservatórios de gás e petróleo do mundo.
O acordo entre a estatal boliviana Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) e a Petrobras já foi planejado há cerca de dois anos, segundo o presidente da YPFB, Armin Dorgathen. “Começaremos a enviar volumes maiores de gás para a Petrobras a partir de 30 de setembro ou 1º de outubro, conforme previsto no contrato”, explicou Dorgathen em entrevista à televisão.
A Argentina encerrou oficialmente as importações de gás boliviano em julho, após um acordo temporário que estendeu o adequado até setembro, atendendo a uma solicitação de Buenos Aires. Com a expansão da produção de Vaca Muerta, o país sul-americano tornou-se capaz de suprir suas demandas internacionais, eliminando a necessidade do gás boliviano.
Entretanto, analistas da Bolívia questionam se o país tem capacidade para continuar exportando gás em grandes volumes, indicando que a falta de suprimentos seria o motivo real da suspensão para a Argentina. Dorgathen refutou as críticas, afirmando que a decisão argentina foi motivada unicamente pela abundância de recursos em Vaca Muerta.
Enquanto a Argentina se afasta do gás boliviano, o Brasil se consolida como o principal destino do combustível. De acordo com Dorgathen, o Brasil pagará um preço mais alto pelo gás do que a Argentina, uma vantagem econômica importante para a Bolívia.
Embora a Argentina tenha tentado explorar novas rotas de exportação, como gasodutos pelo Paraguai e Uruguai, o mercado ocidental brasileiro permanece dominado pelo gás boliviano devido à proximidade geográfica e à infraestrutura existente. “A única maneira de chegar fisicamente a esse mercado é com o gás da Bolívia”, ressaltou Dorgathen, reforçando a continuidade do abastecimento para o Brasil.
Este movimento estratégico não só fortalece as relações energéticas entre a Bolívia e o Brasil, mas também solidifica a posição boliviana como um importante fornecedor de gás natural para o mercado sul-americano.
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