Em junho, o Brasil enfrentou um significativo aumento nas pressões de preços, atingindo o nível mais alto em quase dois anos, conforme um relatório da S&P Global divulgado recentemente. A maior economia da América do Sul registrou o aumento mais rápido nos custos de insumos e encargos de produção desde meados de 2022.
O Índice de Gerentes de Compras (PMI) do setor industrial subiu de 52,1 em maio para 52,5 em junho, indicando uma expansão econômica contínua, uma vez que leituras acima de 50 sugerem crescimento. No entanto, a S&P Global apontou que os fabricantes brasileiros enfrentaram crescentes pressões de custos no meio de 2024, exacerbadas pela fraqueza do real e perdas nas safras.
Impacto da desvalorização do real
O real brasileiro registrou a maior desvalorização em relação ao dólar americano em dois anos, até 21 de junho. Essa desvalorização foi um fator crucial para o aumento das pressões de preços na indústria. Pollyanna De Lima, diretora associada de economia da S&P Global Market Intelligence, destacou que embora a desvalorização cambial pudesse teoricamente impulsionar as exportações, o aumento dos preços corroeu a competitividade internacional das indústrias brasileiras.
Competitividade internacional e pedidos externos
Apesar do cenário desafiador, os pedidos externos continuaram a crescer, embora de forma marginal. Isso indica que, mesmo com as pressões inflacionárias, as indústrias brasileiras conseguiram manter um leve aumento nas exportações, mas sem ganhos substanciais devido à perda de competitividade.
O relatório da S&P Global sublinha um cenário econômico complicado para o Brasil, onde as pressões de preços são impulsionadas por fatores internos e externos, como a fraqueza do real e as perdas agrícolas. A continuidade dessas tendências pode representar desafios significativos para a competitividade e estabilidade econômica do país nos próximos meses.
Análise e perspectiva
Enquanto o Brasil navega por essas águas turbulentas, será crucial observar as políticas econômicas que serão implementadas para mitigar os impactos da inflação e fortalecer a moeda nacional. A recuperação das safras e uma eventual estabilização do real serão elementos-chave para aliviar as pressões de preços e melhorar a competitividade das exportações brasileiras.